quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Os números da Globo: lenta decadência.

por Rodrigo Vianna


Altamiro Borges, aqui, e Paulo Henrique Amorim, aqui, destacam fatos que demonstram a decadência da TV Globo.
O texto de Miro mostra que o Faustão – em crise de audiência (e de faturamento?) – demitiu a banda de músicos. E que o “Fantástico” enfrenta a pior crise de sua longa história. O Paulo Henrique relata como a audiência do “JN” encolheu em dez anos: o jornal apresentado por Bonner perdeu um de cada quatro telespectadores de 2000 para 2010 – são números oficiais do IBOPE.
São fatos. Não é bom brigar com eles. Mas é bom analisar esse proceso com cautela.
Quando entrei na TV Globo, em 95, o “JN” dava quase 50 pontos de audiência. Era massacrante.  O “Globo Repórter” dava perto de 40 pontos.
Em 2005/2006, quando eu estava prestes a sair da emissora, o “JN” já tinha caído pra casa dos 36 ou 37 pontos (havia dias em que o jornal local conseguia mais audiência do que o principal jornal da casa) e o “Globo Repórter”  se segurava em torno de 30 ou 32 pontos (programa que desse menos de 30 abria crise, era preciso sustentar a marca dos 30).
Esse tempo ficou pra trás. O “JN” já caiu pra menos de 30 pontos. E o Globo Repórter hoje patina em 24 ou 25 – dizem-me.
O “Jornal da Record” dobrou de audiência. Em São Paulo chega a 10 pontos, em outros Estados passa dos 12 ou 13. Nas manhãs, a Globo e a Record (com o SBT um pouco atrás) brigam pau a pau. E a Record vence em muitos horários matutinos, há meses. Aos domingos, a Globo também sofre. A grande jóia da coroa da emissora carioca é o horário nobre durante a semana: novelas+ JN. Nesse caso, os números revelam que o domínio da Globo se reduz, ainda que de forma lenta.
Muita gente espera o dia em que a Globo vai passar por uma hecatombe e deixará de ser a Globo. Acredito que isso não vai acontecer: a queda será lenta, negociada, chorada…  
A Globo poderia ter quebrado ali pelo ano 2000. No primeiro governo FHC, Marluce (então diretora geral) tivera duas idéias “brilhantes”: tomar dinheiro emprestado, em dólar, para capitalizar a empresa de TV a cabo do grupo; e centralizar as operações numa “holding”. Ela acreditou nas previsões do Gustavo Franco e da Miriam Leitão, de que o Real valeria um dólar para todo o sempre! Passada a reeleição de FHC, em 98, o Brasil quebrou, veio a crise cambial e a Globo ficou pendurada numa dívida em dólar que (de uma semana pra outra) triplicou.
A dívida era da TV a cabo mas, como Marluce e os geniais irmãos Marinho tinham centralizado as operações na holding, contaminou todo o grupo. A Globo entrou em “default”. Quebrou tecnicamente. Poderia ter virado uma Varig. Mas conseguiu (sabe-se lá com quais acordos e pressões políticas) equalizar a dívida.
Quando saiu da crise, em meados do primeiro mandato de Lula, a Globo (o jornalismo) estava já sob os auspícios de Ali Kamel – o Ratzinger. Ele conduziu a empresa para a direita: contra as cotas nas universidades, contras as políticas de combate ao racismo (“Não somos racistas”, diz), contra o Bolsa-Família. O grande público não percebe isso de forma racional. Mas (mesmo que de forma despolitizada) sente que a Globo ficou contra todos os avanços sociais dos últimos 8 anos. Lentamente, foi-se criando uma antipatia no público. Ouve-se por aí: a Globo não fica do lado do povão.
Não é à toa que um fenômeno novo surge nas grandes cidades, como São Paulo. Nas padarias, restaurantes populares, pontos de táxi, era comum ver televisores ligados sempre na Globo. Isso há 7 ou 8 anos. Acabou. De manhã, especialmente, a programação da Record e do SBT (e às vezes também dos canais a cabo) entra nas padarias, ocupa os lugares públicos.
Essa é uma mudança simbólica.
Mas é bom não brigar com outro fato: boa parte do público segue a ter admiração e carinho pela progamação da Globo. E há motivos pra isso, entre eles a qualidade técnica. A iluminação, a textura da imagem, o cuidado com o bom acabamento. Tudo isso a Globo conseguiu manter – apesar de muitos tropeços aqui e ali.
Fora isso, apesar de toda crítica que façamos (e eu aqui faço muito) ao jornalismo global, é bom não esquecer que na TV da família Marinho há sim ótimos profissionais, gente séria que tenta (e muitas vezes consegue) fazer bom jornalismo.  
Esse capital – qualidade técnica – a turma do Jardim Botânico tem conseguido manter. O que não ajuda: a política editorial, adotada por exemplo durante a posse de Dilma. Ironias desmedidas, falta de compreensão do momento histórico e uma arrogância de quem se acha no direito de “ensinar” como Dilma deve governar. A seguir nessa toada, a decadência será mais rápida…
E o que mais pode entornar o caldo por lá? Grana.
A Globo tem custos altíssimos de produção. Quem conhece de perto o Projac diz que aquilo é uma fábrica de boas novelas e minisséries, mas também uma fábrica de desperdício. Empresa familiar, que cresceu demais. Cada naco dominado por um diretor, como se fosse um feudo. Até hoje a Globo conseguiu manter essa estrutura porque ficava com uma porção gigante das verbas públicas de publicidade (isso mudou com Lula/Franklin) e com uma porção enorme da publicidade privada: o BV – bônus em que a agência é “premiada” pela Globo se concentrar seus anúncios na emissora – explica em parte essa “mágica”; outra explicação é que a Globo detem (detinha!?) de fato fatia avassaladora da audiência.
Com menos audiência, as agências (ou as empresas anunciantes, através das agências) podem pressionar para que o valor dos anúncios caia. Se isso acontecer, a Globo vai virar um elefante branco. Impossível manter aquela estrutura verticalizada se a grana encurtar.
Qual o limite que a Globo suporta? Difícil saber. Mas dispensa da banda do Faustão é um indicador de que a água pode estar subindo rápido.
Outro problema sério: o risco de perder a transmissão do futebol, ou de ter que pagar caro demais para mantê-lo.
Tudo isso está no horizonte. E mais: a entrada das teles no jogo. O Grupo Telefônica, por exemplo, fatura dez vezes mais que a Globo. Como concorrer? Só com regulação do mercado, assegurando nacos para os proprietários nacionais.
Ou seja: a Globo – que é contra a regulamentação (“censura”, eles bradam) por princípio – vai ter que pedir água, vai ter que negociar alguma regulação pra conter os estrangeiros. E aí pode entrar também a regulação que interessa à sociedade: critérios para concessões, e também para evitar o lixo eletrônico e os abusos generalizados na TV. Regulação, como em qualquer país civilizado. Até aqui a Globo tentou barrar esse debate. Mas vai ter que aceitá-lo agora, porque ficou mais frágil.
De minha parte, não torço pra que aconteça nenhuma “hecatombe”, nem que a Globo quebre. Mas para que fique menos forte, e que o mercado se divida.
Parece que é isso que está pra acontecer. Seria saudável para o Brasil.


Fonte.:   O ESCRIVINHADOR (www.rodrigovianna.com.br)

Blog do Planalto ri da Folha: “Eta turminha ranheta”

Eta turminha ranheta

Vejam se não é coisa de gente ranzinza: a Folha de S. Paulo gastou uma coluna de 100 cm² de tinta e papel importados e isentos de impostos para apontar uma contradição entre o que o presidente Lula disse no programa de rádio “Café com o Presidente” de ontem e o pronunciamento que fez à Nação em 22 de dezembro de 2008. O título do texto publicado na edição de hoje do caderno Mercado é: “Lula agora pede responsabilidade na hora de gastar”.
É um exemplo do tipo de jornalismo sem compromisso com a verdade, que publica tudo que está na cabeça do editor ou do repórter, sem amparo na realidade. No caso, bastaria ter consultado a íntegra do pronunciamento do presidente clique aqui.
Todas estas informações estão disponíveis na página mantida pela Secretaria de Imprensa da Presidência .
No pronunciamento, o presidente disse aos brasileiros e brasileiras que não tivessem “medo de consumir com responsabilidade” e, se tivessem dívidas, procurassem “equilibrar seu orçamento” antes:
E você, meu amigo e minha amiga, não tenha medo de consumir com responsabilidade. Se você está com dívidas, procure antes equilibrar seu orçamento. Mas, se tem um dinheirinho no bolso ou recebeu o décimo terceiro, e está querendo comprar uma geladeira, um fogão ou trocar de carro, não frustre seu sonho, com medo do futuro.
Porque se você não comprar, o comércio não vende. E se a loja não vender, não fará novas encomendas à fábrica. E aí a fábrica produzirá menos e, a médio prazo, o seu emprego poderá estar em risco.
Assim, quando você e sua família compram um bem, não estão só realizando um sonho. Estão também contribuindo para manter a roda da economia girando. E isso é bom para todos.
No Café com o Presidente, ele disse que as pessoas deveriam aproveitar e comprar o que quisessem, “mas com muita responsabilidade para não se endividarem”:
Que as pessoas aproveitem e comprem o que quiserem comprar, mas com muita responsabilidade para não se endividarem, porque o mês de janeiro é sempre muito pesado. Então, é importante que a gente não perca o senso de responsabilidade nas nossas compras. Comprar, fazer a dívida necessária, mas sabendo que a gente precisa ter um 2011 tranquilo. Portanto, não vamos passar 2011 apenas pagando o que a gente gastou em 2010. Vamos gastar o suficiente para não atropelar a esperança e o futuro de todos nós.
Quem tenta encontrar contradição entre uma fala e outra está buscando pelo em ovo. A contradição só existe na cabeça dos ranhetas.
Para ler a íntegra, ouvir ou ler o discurso, vá ao blog do Planalto.

Fonte.:  VioMundo (www.vioomundo.com.br)

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Ponderações Sobre o Governo Lula

Já tem um pessoal postando sobre o balanço do Governo Lula. Creio que é muito difícil - para não dizer impossível- mensurar qual será o peso de seu legado histórico nesse exato momento, portanto, não é isso que pretendo nesse exato momento, só quero fazer algumas ponderações que já deveria ter feito antes por aqui. O grande ponto é que Lula, goste-se dele ou não, é um incontestável fenômeno de massas e sim, consegue sozinho ter um peso capaz de ofuscar seu próprio partido em vários momentos. Também ofusca a visão de muita gente. Se elegeu dentro adotando uma agenda reformadora moderada - em substituição da agenda reformadora mais radical - de antes numa conjuntura onde os EUA já começavam a entrar na grande crise que se torna clara - e cruel - agora e onde o modelo tucano já estava total e completamente esgotado.

Os primórdios do Governo Lula são marcados por uma ajuste fiscal duro e demasiadamente intenso - em virtude do estreito espaço de manobra deixado por conta do, digamos, modus vivendi que foi traçado junto com o Mercado Financeiro. A internalização da dívida seria feita mediante altas taxas de juros compensadas por um alto superávit primário conjugado com um câmbio desvalorizado - muito mais pelas intemperes da flutuação cambial do que de algum plano estratégico herdado do Governo Anterior - conjugado com um cenário positivo da economia mundial - o que foi catalisado pelo competente diplomacia comercial do país.

O país cresce pouco em 03 (1,15%), mas compensa isso em 04 (5,71%). Em 2005/2006 e vê às voltas com superávits gigantescos em conta corrente devido ao superávit na balança comercial e aí começa um processo de neutralização da dívida externa. Por outro lado, os spreads bancários estão altos, mas o crédito para os mais pobres é ampliado e a dívida é internalizada. O país nesse biênio, no entanto, cresce de forma medíocre (3,16% e 3,97%). Na política, o primeiro mandato de Lula termina manchado pela expulsão de algumas correntes do partido e de escândalos como o Mensalão. A desigualdade social, por outro lado diminui assim como os níveis de emprego e renda sobem pela primeira vez em décadas

Na conjuntura política, a intelectualidade de esquerda racha: Lula se torna uma obsessão; uns abraçam o lulismo como se fosse a última chance da esquerda brasileira, enquanto isso, outros assumem uma postura radical contra o Governo como se a chegada ao poder de um Governo verdadeiramente de esquerda no país dependesse de seu desalojamento. A figura de Lula perde as matizes nos meios esquerdistas: Torna-se o messias para uns e o demônio em pessoa para outros num cenário onde a direita não consegue, mesmo com todo o apoio da mídia, fazer outra coisa senão desenhar um crítica ratasqueira e muitas vezes preconceituosa

Lula se reelege e o Governo volta sua bateria para o mercado interno e com o PAC consegue crescimento de 5,67% e 5,08% do PIB, crescimento no emprego, na renda e mais queda na desigualdade social - o que, obviamente se materializa em um enorme popularidade. É o auge do governo Lula, o cenário de um mercado internacional aquecido e de um mercado interno funcionando alivia as tensões e alguns problemas como as estranhas concessões para o mercado financeiro passam desapercebidas num momento em que todos ganham.

Vem a Crise. Depois do pais gerar um superávit de mais de dois milhões de empregos de Janeiro a Novembro de 2008, em Dezembro a Crise Mundial passa a afetar o país e resulta num déficit de 600 mil empregos. A oposição de ambos os lados vê no catastrofismo a esperança de se contrapor ao Governo. Em 2009, o país recebe um choque pequeno em relação a muitas economias grandes de relativamente grande em relação a suas possibilidades - a taxa de juros de curto prazo, abaixada ontem para 8,75% ao ano, permanece incongruente com uma previsão de queda de 0,8% do PIB e uma projeção de inflação na casa de 5%. O desemprego, porém, cai e fica no patamar de 8%.

Para além da economia, o Governo vive pressionado em relação às suas alianças parlamentares. A mídia corporativa que faz às vezes de oposição destila um moralismo seletivo. A bola da vez são alianças de Lula no Nordeste. Antes de mais nada, não custa lembrar que o Lulismo teve sua importância cabal em varrer o esquema político Carlista da região com ACM ainda em vida. Fez isso se aliando com velhos aliados como a estrutura do PSB na região e com algumas oligarquias mais progressistas como os Gomes no Ceará, mas se aliou também aos Sarney e com figuras como Renan Calheiros ou Collor. Isso tudo é paradoxal; Lula não rompeu com a velha prática brasileira de ter um Governo instalado no centro-sul se aliando com oligarquias nordestinas por conveniências políticas, mas também o fez trazendo em contrapartida uma evolução social considerável na região.

Tais conveniências, claro, decorrem de uma política institucionalóide que não passa pelo crivo do desenvolvimento da democracia em sentido material nem pelo desenvolvimento das instituições propriamente ditas; o Lulismo tenta explorar toda a potencialidade das instituições e de um forma de fazer política que herdou de FHC, o que o faz ter avanços e ao mesmo tempo se torna refém político de figuras improváveis e porque não impossíveis. No Brasil, os governantes estão esquecidos e anestesiados em relação à violência que criou as instituições, ignoram a espada de Dâmocles que pesa sobre a sua cabeça, o Lulismo aceita a sua com devoção cristã, mas não lembra aos demais dirigentes dessa realidade, catalisando muito mal o apoio das massas que lhes são entusiastas.

No caso de Sarney, Lula sempre cedeu mais do que ganhou do Senador amapaense e desgasta desnecessariamente. No caso de um Collor, uma figura que foi a marioneteútil de 89 e o bode expiatório da vez em 92, as coisas já são um pouco diferentes porque o Governo cedeu, no máximo, a foto divulgada de maneira espetaculosa por uma mídia corporativa hipócrita - afinal, quem elegeu Collor em 89, mesmo?

No âmbito do debate no meio esquerdista, prossegue a falsa dicotomia entre os racionalizadores das ações que o Governo enseja e os aqueles que acusam Lula até dos raios que acertam as árvores. A crítica, nesse momento, se encontra praticamente falida na Academia e nos meios de comunicação só dá sinais de vida em alguns lugares da Blogosfera ou, ocasionalmente, numa Carta Capital. Para além de apoios ou oposições, a esquerda tem de ter em mente que saídas simplórias que apontam Lula como a última bolacha do pacote ou o diabo em pessoa não explicam, nem de longe, esse momento histórico.

Fonte.: RESUMO ON LINE (www.resumoonline.com.br)

O Ministério Dilma.

Por mais que a esperemos, é sempre surpreendente a má vontade de nossa “grande imprensa” para com o governo Dilma. No modo como os principais jornais de São Paulo e do Rio têm discutido o ministério, vê-se, com clareza, seu tamanho.
A explicação para isso pode ser o ainda mal digerido desapontamento com o resultado da eleição, quando, mais uma vez, o eleitor mostrou que a cobertura da mídia tradicional tem pouco impacto nas suas decisões de voto. Ou, talvez, a frustração de constatar quão elevadas são as expectativas populares em relação ao próximo governo, contrariando os prognósticos das redações.
As críticas ao ministério que foi anunciado na última semana estavam prontas, qualquer que fosse sua composição política, regional ou administrativa. Se Dilma chamasse vários colaboradores do atual governo, revelaria sua “submissão” a Lula, se fossem poucos, sua “traição”. Se houvesse muita gente de São Paulo, a “paulistização”, se não, que “dava o troco” ao estado, por ter perdido a eleição por lá. Se convidasse integrantes das diversas tendências que existem dentro do PT, que se curvava às lutas internas, se não, que alimentava os conflitos entre elas. E por aí vai.
Para qualquer lado que andasse, Dilma “decepcionaria” quem não gosta dela, não achou bom que ela vencesse e não queria a continuidade do governo Lula. Ou seja, desagradaria aqueles que não compartilham os sentimentos da grande maioria do país, que torce por ela, está satisfeita com o resultado da eleição e quer a continuidade.
Na contabilidade matematicamente perfeita da “taxa de continuísmo” do ministério, um jornal carioca foi rigoroso: exatos 43,2% dos novos integrantes do primeiro escalão ocuparam cargos no governo Lula (o que será que quer dizer 0,2% de um ministro?). E daí? Isso é pouco? Muito? O que haveria de indesejável, em si, em uma taxa de 43,2%?
Note-se que, desses 16 ministros, apenas oito tinham esse status, sendo os restantes pessoas que ascenderam do segundo para o primeiro escalão. A rigor, marcariam um continuísmo menos extremado (se é isso que se cobra da presidente). Refazendo as contas: somente 21,6% dos ministros teriam a “cara de Lula”. O que, ao contrário, quer dizer que quase 80% não a têm tão nítida.
Para uma candidata cuja proposta básica era continuar as políticas e os programas do atual governo, que surpresa (ou desilusão) poderia existir nos tais 43,2%? Se, por exemplo, ela chamasse o dobro de ministros de Lula, seria errado?
Isso sem levar em consideração que Dilma não era, apenas, a representante abstrata da tese da continuidade, mas uma profissional que passou os últimos oito anos trabalhando com um grupo de pessoas. Imagina-se que tenha desenvolvido, para com muitas, laços de colaboração e amizade. Mantê-las em seus cargos ou promovê-las tem muito a ver com isso.
No plano regional, a acusação é quanto ao excesso de ministros de São Paulo, nove entre 37, o que justificaria dizer que teremos um “paulistério”, conforme essa mesma imprensa. Se, no entanto, fizéssemos aquela aritmética, veríamos que são 24,3% os ministros paulistas, para um estado que tem 22% da população, se for esse o critério para aferir excessos e faltas de ministros por estados e regiões.
Em sendo, teríamos, talvez, um peso desproporcionalmente positivo do Rio (com seis ministros nascidos no estado) e negativo de Minas (com apenas um). Há que lembrar, no entanto, que a coligação que elegeu a presidente fez o governador, os dois senadores e a maioria da bancada federal fluminense, o oposto do que aconteceu em Minas. O PMDB saiu alquebrado e o PT ainda mais dividido no estado, com uma única liderança com perspectiva sólida de futuro, o ex-prefeito Fernando Pimentel, que estará no ministério.
Para os mineiros, um consolo, não pequeno: a presidente Dilma nasceu em Belo Horizonte. Os ministros são poucos, mas a chefe é de Minas Gerais.
Fonte:  Marcos Coimbra (www.viomundo.com.br)

Brasil, a geração de energia e a “merda”.

Participei essa semana, como moderador, do seminário promovido pela “Carta Capital”, no Rio de Janeiro. A revista conseguiu reunir, em dois dias de “Diálogos Capitais”, todos os presidentes do BNDES dos oito anos de governo Lula: Guido Mantega (que continuará como  ministro da Fazenda), Luciano Coutinho (que também seguirá à frente do banco com Dilma), Carlos Lessa (professor da UFRJ) e Demian Fiocca (hoje, de volta à iniciativa privada).
Os dois últimos participaram de uma interessantíssima mesa sobre a Geração de Energia no Brasil. Lessa deu um show. Frases curtas, cortantes. Misturou informação e humor. “Uma das coisas mais imbecis do Planeta é expandir a geração de energia com termoelétricas, quando temos esse potencial hidrelétrico magnífico”, desferiu.
Foi um comentário aos números mostrados pouco antes por Wilson Ferreira Junior, presidente da CPFL (empresa geradora de energia em São Paulo). Wilson indicou que o Brasil deve entrar na segunda década do século XXI em situação razoavelmente “confortável” no que tange à geração de energia: com as novas usinas já contratadas ou em construção, o país tem energia “sobrando” nos próximos dez anos.
Mas Wilson mostrou também que o Brasil – por força dos (necessários) cuidados ambientais – tem feito uma escolha no mínimo estranha na hora de construir hidrelétricas: opta por usinas sem grandes reservatórios, que operam no sistema do “fio d´água”. Isso evita os impactos ambientais das grandes áreas alagadas; mas em contrapartida reduz a capacidade de geração das usinas.
E o que o Brasil faz para compensar hidrelétricas que produzem menos energia do que poderiam? Constrói termoelétricas!!! Que liberam para a atmosfera toneladas de carbono!
Hum…
Entenderam a lógica? Evita-se o impacto ambiental dos reservatórios, e amplia-se o impacto do carbono na atmosfera. Uma escolha “imbecil” – na definição do professor Carlos Lessa.
Lessa também arrancou gargalhadas da platéia ao definir a Petrobrás como uma empresa “quase” nossa. Defendeu que o governo brasileiro use parte das reservas em dólar acumuladas nos últimos anos  para recomprar ações da estatal que hoje estão pulverizadas no mercado de Nova York.
Miguel Rosseto, que hoje preside a Petrobras Bio Combustíveis, anunciou as inovações tecnológicas que, em breve, podem aumentar a produção do combustível obtido do bagaço de cana. Lessa saudou a novidade, mas como velho nacionalista alertou o país para uma onda pouco noticiada: a compra de terras por estrangeiros que enxergam no Brasil o melhor lugar do Planeta para produzir combustível a partir da cana.
Lessa disse que os brasileiros precisam lançar uma campanha popular para impedir a compra de terras pelos estrangeiros. “Será uma nova batalha de Guararapes!”
Demian Fiocca fez uma exposição técnica e reveladora. Mostrou como é impossível evitar danos ambientais – no curto prazo – contando apenas com o crescimento das chamadas “energias alternativas” (eólica, biomassa etc). A oferta desse tipo de energia no Planeta é de cerca de 1% do total. Contra 60% a 70% de energia produzida a partir de combustíveis fósseis (que liberam carbono para atmosfera). Por isso, lembrou Demian, se o Planeta quer mesmo reduzir a emissão de carbono, precisa apostar no tripé energia nuclear-hidrelétrica-energias alternativas,  que juntas hoje representam cerca de 20% da oferta total no Mundo.
“Mesmo se multiplicássemos por cinco o uso das energias alternativas, atingiríamos só 5% do total. Parece mais realista apostar na ampliação desse somatório de energias nuclear-hidrelétrica-alternativas; se dobrarmos a oferta delas, teríamos 40% do total, com um impacto decisivo sobre a emissão de carbono”, disse Demian.
O economista (o mais jovem dos quatro que recentemente ocuparam a presidência do BNDES) lembrou que – assim como os setores produtivos precisam rever conceitos e levar em conta as preocupações ambientais – o movimento ambientalista precisa trabalhar com novos parâmetros, mais realistas, se quisermos reduzir o impacto do aquecimento global.
E aí voltamos às termoelétricas…
Ambientalistas, ao fazerem oposição cerrada às hidrelétricas com grandes reservatórios, acabam levando o país a ampliar a geração por termoelétricas. Difícil não concordar (atenção ambientalistas e leitores em geral: sintam-se à vontade, sim, para discordar e criticar; seria legal travar um debate nessa área) com o professor Carlos Lessa: parece uma opção “imbecil”, num país em que o potencial hidrelétrico inexplorado ainda é gigantesco.
Tão gigantesco como o sistema de transmissão de energia que o país soube consolidar. Wilson Ferreira Junior apresentou um dado impressionante: a rede de transmissão de energia brasileira que corta o país do sul até à Amazônia, se estivesse na Europa e fosse transposta para um eixo imaginário leste-oeste, teria cumprimento suficiente para unir Lisboa a Moscou!
Isso mesmo. O Brasil construiu um sistema de transmissão que seria suficiente para unir Portugal à Rússia. O Brasil inventou tecnologia para tirar petróleo de águas profundas- levando à descoberta do Pré-Sal, que pode ser a terceira maior reserva de Petróleo do mundo. O Brasil criou técnicas inovadoras para produzir combustível renovável a partir da cana e de outros vegetais.
Tudo isso, mais o gigantismo hidrelétrico do país, leva à conclusão de que seremos das poucas nações do Planeta a ter energia “sobrando” nas próximas décadas. O que fazer com essa riqueza? Vamos armazenar e processar essa energia no ritmo que interessa a uma nação independente? Ou vamos nos render às necessidades da (ainda) maior potência do Planeta – que quer “beber” nosso petróleo em estado bruto, como bem definiu o professor Lessa.
Lá pelo fim do seminário, o experiente (e debochado) economista carioca olhou para esse humilde mediador e entre dentes concluiu: “esse é o grande debate que interessa ao Brasil, debate que não se fez na merda da campanha eleitoral”.
De novo, difícil discordar de Carlos Lessa!
=====
Em tempo: a edição de “CartaCapital” que circula a partir do dia 17 trará a cobertura completa dos debates travados no Rio. Incluindo as mesas sobre a infra-estrutura para Copa de 2014, e sobre o Plano Nacional de Banda Larga – todas de altíssima qualidade. Confiram!

Fonte.:  O ESCRIVINHADOR (www.rodrigovianna.com.br)

Valor do mínimo vira moeda de troca para o PMDB


O salário mínimo virou moeda de troca política. Na fase de distribuição dos cargos de segundo escalão do novo governo, o PMDB encontrou uma forma de pressionar a presidente Dilma Rousseff: o partido agora ameaça exigir um reajuste maior do mínimo. A previsão do governo – reforçada na terça-feira 4 pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega – é de um aumento para R$ 540.
O valor, discutido há meses, parecia questão fechada, apesar da insatisfação de centrais sindicais. Apenas parecia. Quando a briga pelos cargos-chave de Correios, Infraero, Caixa, Funasa e outras empresas apertou, o partido do vice-presidente Michel Temer resolveu apertar a corada.
O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, foi o porta-voz da ameaça: “Não estamos convencidos do valor do mínimo. Queremos discutir para que a gente possa ser convencido ou convencer o governo”. Sobre as vagas que o PMDB terá direito no segundo escalão do governo, o parlamentar afirmou que o partido “sai desse processo” e aguardará o momento em que a presidenta Dilma Rousseff retomará as discussões. “O que queremos é diálogo, é respeito, é entendimento. Afinal, foi uma campanha de coalizão para ganhar a eleição e é um governo de coalizão para se governar.”
O líder disse que o adiamento dessas discussões foi posta, ontem, pelo vice-presidente na reunião do Conselho Político do governo e reafirmada hoje à cúpula peemedebista. Segundo ele, o processo de discussão dos cargos de segundo escalão, quando desencadeado “na hora própria”, terá como canal natural o ministro de Relações Institucionais, Luiz Sérgio.
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse hoje (5), após uma visita de cortesia ao ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que não vê conflitos por cargos entre PT e PMDB.
Ele ressaltou que em seu ministério há cargos de diretoria que são do PT e que em nenhum momento foram reivindicados por peemedebistas. “Não vejo essa briga. A mim não chegou nenhum pedido desse tipo.” Ele acrescentou que não deverá haver mudanças significativas na equipe de segundo escalão de seu ministério.

Fonte:  Carta Capital

Olá, Seja Bem Vindo (a)

Caro (a) leitor.
Este BLOG pretende levar informação de qualidade e opinião enérgica. 
É um espaço jornalístico com uma linguagem nova.

O Reutilidades Publicas quer ser o que a Imprensa convencional não é!

                                                                          Obrigado!
                                                                          Equipe R.P